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Consumidores Esperançosos, empresas mais conscientes: o impacto das novas prioridades de vida na estratégia de negócio

A ideia de crescimento ilimitado, metas agressivas e jornadas sem pausas está sendo questionada — não por teorias acadêmicas, mas pelos próprios consumidores. Os chamados Esperançosos, identificados pela WGSN como um dos perfis mais influentes até 2026, estão reconstruindo o conceito de valor. Não querem mais performance a qualquer custo. Querem vida com significado, empresas coerentes e experiências que sustentem o bem-estar, não o esgotamento.

Esse movimento não é sobre tendência estética. É sobre reestruturação de valores  e seus desdobramentos concretos na forma como marcas se organizam, operam e se relacionam com o mercado.

Do consumo acelerado ao valor emocional: o que os Esperançosos estão ensinando

Esse novo perfil de consumidor refuta marcos tradicionais de sucesso e adota os “micromomentos de alegria” como nova medida de realização. Segundo o estudo da WGSN, 49% das pessoas estão mais propensas a comprar de marcas que despertem sensação de alegria, e temas como saúde mental, pequenos prazeres, cuidado com a comunidade e rituais afetivos vêm ganhando protagonismo.

Para as empresas, isso significa que as estratégias não podem mais se apoiar apenas em performance comercial. É preciso traduzir propósito em ações concretas — inclusive na estrutura que sustenta o negócio.

Os ajustes invisíveis que sustentam uma marca mais sensível ao tempo presente

Empresas que desejam se manter relevantes para esse novo consumidor precisam se preparar para operar de forma mais empática, flexível e atenta aos ciclos de vida real das pessoas. Na prática, isso exige repensar:

  • A lógica de lançamento de produtos e a obsolescência acelerada
  • A estrutura dos canais de atendimento e o preparo emocional das equipes
  • A regionalização de ofertas em resposta ao movimento de revitalização rural
  • As estratégias de fidelização, agora pautadas por vínculo e afeto, não apenas preço
  • A criação de novos espaços de relacionamento com o consumidor — físicos ou digitais — que acolham a comunidade, não apenas estimulem o consumo

Tudo isso demanda inteligência estratégica, flexibilidade operacional e, sobretudo, um modelo de gestão coerente com essa sensibilidade emergente.

Da coerência ao posicionamento: marcas que sustentam o que prometem

A busca dos Esperançosos por propósito, bem-estar e cuidado reflete uma crítica silenciosa à dissonância entre discurso e prática. Eles não compram apenas produtos, compram coerência. E essa coerência é percebida nas estruturas menos visíveis da empresa: na forma como ela remunera, entrega, decide, comunica e se posiciona.

Aquelas que resistirem à ideia de rever sua lógica de operação tenderão a parecer desconectadas. Já as que estruturarem seus bastidores com base em estratégias verdadeiramente humanas terão espaço para crescer com consistência e relevância.

O futuro do consumo não está só nas vitrines ou nos feeds, está na forma como empresas escolhem operar. E os Esperançosos já deixaram claro: ou a estratégia abraça o cuidado, ou será vista como ruído.

 

Por: Larissa Lima, Especialista em Consumo e Comportamento do Consumidor. 

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