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Black Friday sob CBS/IBS: por que o maior pico de consumo também será o maior teste fiscal da década

Picos de venda sempre foram sinônimo de oportunidade para o setor do varejo. Mas, em um Brasil que inicia a transição para o novo modelo tributário de consumo, eles também se transformam em um campo de risco. O desafio é preservar margem em um ambiente onde cada nota fiscal, devolução e crédito de CBS/IBS pode virar o divisor de águas entre lucro e prejuízo.

Da escala ao detalhe

De 2026 a 2033, o país atravessará uma mudança estrutural: a substituição de tributos em cascata por um IVA dual. No regime pleno, a alíquota combinada deve ficar entre 26% e 28%, segundo projeções do Ministério da Fazenda. Esse número, somado ao calendário promocional e à complexidade operacional de datas como a Black Friday, cria um “teste de estresse” sem precedentes para a governança empresarial.

“A transição para o modelo CBS/IBS já se aproxima, e impactará a rentabilidade nos picos de vendas ao logos dos próximos anos, podendo suprimir toda margem. o empresário que possui visão de longo prazo, que se planeja e antecipa os desafios com estratégia, sai na frente da concorrência despreparada”, afirma Jéssica Amorim, especialista em Reforma Tributária da Valestrá

Onde mora o risco?

O volume de vendas, por si só, pode esconder uma erosão silenciosa das margens. Se cada pedido não for analisado pela sua contribuição líquida, como créditos tributários, devoluções e parametrizações fiscais, a empresa corre o risco de celebrar faturamento enquanto perde rentabilidade.

“Operar um pico sem mapear impactos fiscais é arriscar a margem em troca de um faturamento ilusório”, acrescenta Tiago Gomes, especialista em gestão empresarial e vice-presidente da Valestrá.

O mapa para transformar pico em margem

Toda transição expõe fragilidades. Mapear cinco decisões essenciais pode ser o ponto de virada entre risco e oportunidade na sua operação. São elas:

  1. Margem por pedido como métrica central – precificação que considera o crédito potencial de cada SKU e canal de venda.
  2. Estoque alinhado ao calendário fiscal – planejamento que une inventário, NCM/SKU e marcos da transição.
  3. Regras claras de priorização de pedidos – escolha de backlog guiada por margem, SLA e impacto fiscal.
  4. Logística reversa com disciplina tributária – devoluções tratadas como ajustes fiscais, e não apenas custos operacionais.
  5. MIS de exceções – uso de cada falha como dado para fortalecer processos e cadastros fiscais.

Por que isso importa agora

Em 2026, mesmo a alíquota “teste” (CBS 0,9% e IBS 0,1%) já exigirá emissão de NF-e em novo formato e registro adequado de créditos. Ou seja, a governança não pode esperar: cada ciclo promocional até 2033 será um ensaio crítico para a adaptação completa ao novo sistema.

5 passos para picos com CBS/IBS

  1. Calcule a contribuição por pedido, simulando créditos por SKU.
  2. Integre estoque ao calendário fiscal e promocional.
  3. Estabeleça travas e critérios objetivos para priorizar pedidos.
  4. Estruture logística reversa com estorno tributário correto.
  5. Use exceções como dados para melhoria contínua.

A Black Friday, e todo pico de consumo, deixa de ser apenas uma corrida por volume. Na era do CBS/IBS, é também um teste de governança fiscal e operacional. As empresas que conseguirem transformar essa complexidade em vantagem competitiva sairão na frente não apenas no faturamento, mas na margem e, sobretudo, na sustentabilidade do negócio no longo prazo.

Artigo assinado por Tiago Gomes e Jéssica Amorim — Valestrá.

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