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A reeleição de Donald Trump trouxe ao centro a discussão dos impactos potenciais de sua política protecionista no comércio global, particularmente no setor agropecuário. Durante seu primeiro mandato, as mudanças nos fluxos de exportações e importações mostraram o quanto suas decisões podem transformar mercados estratégicos, e o Brasil se vê novamente diante de um cenário desafiador e repleto de oportunidades.
“Ainda é cedo, na minha opinião, para poder avaliar de uma forma concreta. É muito recente o movimento de posse. As medidas que ele vinha prometendo fazer estão começando a serem feitas, e existe uma expectativa de taxação, realmente de um protecionismo que será executado por parte dele no sentido de proteção das commodities, enfim, não só das commodities, mas de qualquer atividade americana que ele entenda como prioritária e que todo o resto do mundo será realmente impactado dessa forma.”, explica o especialista em agronegócio, Marcel Daltro.
Nesse contexto, é essencial observar quais setores poderão ser mais afetados. Commodities como milho, soja e produtos agropecuários aparecem como potenciais alvos de medidas protecionistas, o que pode impactar a balança comercial brasileira.
“Me chama a atenção milho, me chama a atenção soja, me chama a atenção agropecuária, que também são produções que poderiam ser alvo de protecionismo por parte do governo Trump e que impactariam, de repente, na balança comercial do Brasil, especificamente sobre essas mercadorias.”, analisa.
Ao mesmo tempo, declarações recentes de Trump mostram como a relação Brasil-EUA pode ter nuances importantes.
“Foi um dos primeiros despachos que ele fez ali da Casa Branca. Quando questionado por uma repórter brasileira sobre o Brasil, ele respondeu de uma forma muito positiva inicialmente, falando que o Brasil é necessário, que é importante para a relação e que isso vai ser cuidado. Mas, logo depois, ele já traz também uma leitura de que o Brasil precisa mais dos Estados Unidos do que o inverso. E isso pode se transformar em medidas que, ao longo do tempo, pode dificultar um pouco a relação, principalmente comercial e bilateral entre os dois países.”, explica.
O desafio é identificar os setores onde a competitividade brasileira pode ser reduzida e aqueles onde o Brasil pode se beneficiar pela ausência de concorrência norte-americana.
“Nas culturas em que os Estados Unidos também produzem, pode ser que o Brasil fique menos competitivo, justamente por essas medidas protecionistas. Naquelas em que os Estados Unidos não possuem produção, a relação pode ser mais privilegiada.”, conclui o especialista.
Ainda há muitas incertezas sobre quais políticas serão bem-sucedidas, mas este é o momento de preparar o setor para os cenários que podem surgir. Como será o equilíbrio entre oportunidades e dificuldades? Estamos acompanhando de perto.
Texto por: Larissa Lima, jornalista NWGroup / Participação: Marcel Daltro, especialista em agronegócio e relações governamentais.