Compartilhe:
O mercado de fusões e aquisições (M&A) no Brasil tem experimentado uma recuperação marcante em 2024, com operações que somaram R$ 195 bilhões até outubro. Esse valor representa um crescimento de 56% em relação ao mesmo período de 2023 e já supera o volume total registrado no ano passado, de acordo com a consultoria Dealogic.
Esse movimento reflete a retomada de setores-chave, como infraestrutura, óleo e gás e agronegócio. Empresas têm buscado sinergias operacionais, reestruturações estratégicas e expansão de mercado como formas de responder às mudanças do cenário econômico e às novas exigências de competitividade. No agronegócio, por exemplo, as reestruturações têm sido uma saída para lidar com pressões financeiras, enquanto o setor de infraestrutura aproveita as concessões para alavancar novas operações.
“A taxa de referência do Brasil, a Selic, está muito elevada, o que aumenta também o custo de oportunidade. Em paralelo, o preço das empresas de capital aberto está bastante baixo. Esses dois fatores têm direcionado o capital local e estrangeiro para operações mais conservadoras, privilegiando concessões, commodities e empresas com um nível mais maduro de governança, especialmente aquelas com ações negociadas na B3.”, explica o especialista em finanças, Victor Hugo Moreira.
Outro fator impulsionador dessa retomada é o cenário macroeconômico. A redução gradual das taxas de juros nos Estados Unidos e o aumento do rating de crédito do Brasil pela agência Moody’s criaram um ambiente de maior confiança para investidores internacionais. Esse contexto favoreceu a entrada de fundos de private equity e o aumento de operações transnacionais, que têm movimentado setores como consumo, varejo e infraestrutura.
Além disso, transações antes represadas estão saindo do papel, com expectativas positivas para 2025. A previsão é de um crescimento ainda mais expressivo no próximo ano, impulsionado por um pipeline robusto de mandatos já em andamento. Para os empresários, isso representa tanto oportunidades de expansão quanto a necessidade de maior cautela estratégica.
“Os elementos necessários para o próximo ciclo de crescimento estão engatilhados. Falta, ainda, uma consolidação e maior confiabilidade das contas públicas para destravar os projetos. E isto vai acontecer. Portanto, este é o momento de se preparar de maneira estratégica e buscar a eficiência operacional. Negócios que possuem uma boa geração de caixa e um bom plano de expansão irão captar as melhores oportunidades”, conclui o especialista.
Por que os empresários devem ficar atentos
O cenário atual reforça a relevância de os empresários acompanharem de perto o mercado de fusões e aquisições. Essas transações não são apenas instrumentos de crescimento; elas também podem ser essenciais para reposicionar empresas em setores competitivos e garantir sustentabilidade a longo prazo.
Em um mercado que está em plena transformação, ter uma visão clara das tendências e dos fatores de influência pode fazer a diferença na hora de tomar decisões estratégicas. Afinal, as oportunidades surgem rapidamente, mas estão disponíveis para aqueles que se antecipam e se preparam para aproveitá-las.
Texto por: Larissa Lima, jornalista NWGroup; Participação: Victor Hugo Moreira, especialista em finanças.